randon

Nascimento



A lua estava lá em seu alto e uma chuvinha molhava o chão deixando a noite cheirosa, sendo que fazia calor. E todos nos sabemos que isso significa:

Em noite de lua sorridente
Quando a chuva mostra seus dentes
O calor se faz presente
Deixando um perfume no ar e na gente.

Quando tudo isso acontecer, tenha certeza meu rapaz, o povo honesto estará visitando tal região, não importando em que lugar esteja. Então aconteceu, Orfelia estava ali, fraquinha, pequenininha, sem forças ate para chorar, mas a noite estava agradável e a rainha da corte Esmeralda estava passeando, dançando e cantando com suas damas de companhia, ocupadíssimas em suas funções de fazerem as folhas caírem para avisar a todos os animais que o inverno está chegando. Elas nunca entenderam porque os humanos mortais tinham tanto medo de seu povo, só porque eles poderiam ser amaldiçoados por não serem educados o suficiente? isso não é justificativa!
Apesar de nunca os entender, o coração da rainha sabia que sempre era melhor deixar cada animal viver como é sua natureza os fez, então desde o inicio dos tempos, ela e seu povo se escondem dos humanos mortais que sentiam medo, e também porque nunca é bom alimentar o medo. No entanto, todos do povo honesto nasceu com uma incrível curiosidade, por tanto, quando eles sentiram a presença da pequenina criança, eles foram lá ver do que se tratava. Curiosos em saber porque uma criança tão bonita e com um futuro tão grande estava ali sozinha na floresta.
A majestosa rainha se aproximou vindo por detrás de uma árvore, para que o beber não a visse. E quando espiou usando apenas um dos olhos, ela viu aquele pequenino bebe de cabelos pretos e pele branca sendo arrudiada pelas folhas avermelhadas do outono, sozinha e sem nem um sinal de seus pais.
- Á isto não podia ficar assim, não está certo – falou a rainha. – Porque os cabelos desta criança são pretos se as folhas são vermelhas? Isto não combina nada nada.
E quando falou a ultima palavra, ela colocou toda a cabeça pro lado de fora para ver melhor, neste instante o bebe deu um risada ao ver o belo rosto da senhora da floresta. Vejam só, por incrível que pareça, Orfelia conseguiu ver a Rainha da Corte Esmeralda, mesmo ela estando usando o véu de disfarce do vento, que a fazia parecer apenas a brisa leve de orvalho, e o mais incrível foi que Orfelia não sentiu medo. 
Tudo isto, a rainha percebeu e tirou Orfelia do chão e o colocou sobre seu colo.
- Ai ai ai, como você conseguiu me ver, criancinha pequenina? – o bebe apenas sorriu – você é bem bonita, talvez eu lhe crie como sendo meu filho.
A bebe desfez o sorriso, e isso causou grande dor na rainha, pois essa pequena criança iria fazer muitas coisas e muitas coisas grandes.
- Mas agora eu terei que fazer alguma coisa por você, você já me cativou! Então vamos fazer o seguinte, depois de um tempo, quando você for rainha do ciclo da vida, venha ate meu reino, seremos grandes amigas. Ta? 
A criança gargalhou, um sinal claro de que gostou da ideia.
- Mas primeiro, vamos ajeitar esse seu cabelo, ele tem que combinar com as folhas das quais você nasceu.
A rainha sobrou nos cabelos de Orfelia fazendo com que o preto fosse varrido para longe e dando lugar uma cor que seja igual a cor das folhas de outono.
- Lhe digo uma coisa que não será seu nome. A sorte sempre lhe acompanhará, as flechas dificilmente lhe perseguiram, nem as doenças e nem a peçonha vão lhe fazer mal, pois caso a façam, irão se ver comigo. Eu também lhe digo uma outra coisa que não será seu nome. Você vai crescer bela como uma flor, nunca frágil como as pétalas e machucara como os espinhos, mas ao toque certo, curará igual as mãos de um rei. E para sempre lembrares de mim, você carregara em seu olhar as cores de minha casa. - neste instante a ires de Orfelia mudou de escuro como a noite sem lua, para o mais profundo verde claro.
Então com Orfelia em suas mãos, a Rainha dançou e cantou a noite inteira, fez as folhas caírem. Cada dama acompanhante da rainha teve seu tempo de segurar o bebe e dizer em seu pequenino ouvidinho uma letra do verdadeiro nome de Orfelia. No final da noite com o surgimento da aurora lá no horizonte, os primeiros pássaros cantaram e a rainha do povo honesto percebeu que era hora de despedir-se da pequena humana mortal que as acompanharam nesta dança, elas a deixaram no mesmo canto onde a encontraram, não exatamente como a encontraram, mas no mesmo lugar e do mesmo jeito.

Antes dos primeiros raios de sol riscarem o céu, a rainha e suas damas já tinham ido embora para dentro da floresta, pela passagem que o sol não pode ver e que só pode ser alcançado sobre a luz das estrelas. E Orfelia continuou lá, onde estava primeiramente, sozinha e indefesa, mas agora com a benção e a proteção da Rainha do Povo Honesto.  
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