Como sempre digo, não gosto de falar sobre a obra de John Green, que indiscutivelmente já me provou várias vezes que é ótima. Quero falar sobre o que esse livro me deixou de reflexão, e olha que não foi pouca; passei dias pensando em como sou frágil e descartável e como eu mal conheço as pessoas que estão ao meu redor.
Quentin achava que conhecia Margo, no entanto, tudo o que ele conhecia era uma máscara que ela usava para disfarçar sua verdadeira personalidade solitária e vazia. Quantas vezes já fizemos isso? Nos fantasiamos de um alguém imaginário para ser aceito nessa sociedade devassadora, onde vale mais quem se mostra mais, e a solução é se encaixar nesses padrões ou seremos engolidos pela maioria.
Confesso que ao ler mais essa obra fiquei com vontade de conhecer Agloe, porque no fundo eu também sou feita de papel, levo uma vida de fingimentos, vivo rodeada por pessoas de papel e moro em um mundo feito de papel. Tudo meio confuso, mas é isso que o livro nos dá para refletir, sobre uma vida e sobre como somos hipócritas por julgarmos as pessoas que nunca conhecemos além da casca que a envolve nesse mundo superficial.
Margo não era um milagre. Não era uma aventura. Nem uma coisa sofisticada e preciosa. Ela era uma garota. Na verdade, cada um de nós somos apenas isso, e gostamos de ser reconhecidos por isso e mais nada, é nas coisas simples que encontramos os bens mais preciosos e nem sempre os outros estão interessados nas coisas simples, e aí que aprendemos a ser sofisticadas e começamos a criar uma imagem de nós mesmos que não existe.
Não que seja um crime viver de acordo com os conceitos atuais, mas tem uma hora que fica muito chato interpretar algo que não somos e nesse momento nem sempre teremos a opção de fugir para Agloe e se esconder dentro de um antigo prédio sombrio e abandonado. O melhor a se fazer é enfrentar a realidade e se assumir do jeito que você é, e que se dane o que pensam as outras pessoas elas são apenas bonequinhos vivendo no mundinho perfeito, onde tudo é falso e de papel.
“Cidades de papel” me fez enxergar o quanto somos fracos e podemos “rasgar” a qualquer momento, muitas vezes uma simples palavra é o motivo de uma dor intensa. Mas posso garantir que decepções não matam ninguém, pelo contrário, elas nos fortalecem a cada vez que acontece, fazendo nosso “papel” mais resistente.
Li várias críticas sobre o livro, e em todas elas falavam sobre a história confusa e sem romance e que o autor teria perdido o fio da meada durante a obra, mas penso de forma diferente. O livro não é focado no romance, e sim nas descobertas que Quentin faz sobre Margo, alguém que ele julgava conhecer muito bem quando na verdade não era exatamente nada do que ele pensava, e no meio do caminho ele ainda encontrou tempo para se redescobrir e viver algo que jamais teve coragem, e tudo isso por ela seu amor platônico que virou verdadeiro.
Hoje estreia em todos os cinemas do mundo a adaptação do livro para o cinema, então para quem ainda não leu vale a pena conferir nas telonas um pouco (bem pouco) dessa louca história de John. Mesmo com o filme eu indico a leitura e uma reflexão ao final dela, mas se nada der certo “você vai para as cidades de papel e nunca mais voltará”.
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