Nando era um garoto de 10 anos de idade que estudava numa escola Católica, cercado por uma família meio Católica, mas que guardava um segredo... Ele temia a imagem de Jesus na parede. Como aqueles olhos tão clementes deixaria alguém arder no fogo eternamente?
As freiras do Escola Católica, a quem todos os adultos diziam que eram boazinhas, com as crianças - eram verdadeiros demônios. Havia uma inesquecível de tão rude: Irmã Inês! Nando só veio relembrar verdadeiramente dela ao assistir alguns episódios de "American Horror Story - Asylum"
Nando tinha mais ídolos mulheres, poucos homens. Ele tinha professoras sensíveis, babás amorosas, uma mãe trabalhadora e belas amigas que lhe despertava fascínio e curiosidade.
A maioria dos outros homens lhe decepcionavam com mentiras ou fazendo as mulheres a quem ele amava sofrer...
Escolhia suas amigas pela beleza, estar entre garotas belas lhe deixava confortável - inocentemente, era isso mesmo, sentia-se bem, sem saber porque. O jovem Nando reconhecia a força que a pura e simples beleza tinha, assim como flores e bebês através de sua simples existência nos proíbe de lhes fazer qualquer mal.
Uma lembrança inesquecível das aulas na Escola Católica foi que certa vez, durante um intervalo, as meninas brincavam de "bailarinas" e tentavam abrir escala na quadra. Surge dos corredores escuros da casa das "esposas" de Deus irmã Inês, esta pega o microfone e grita: "Luísa, pare já de se amostrar arreganhando essas pernas!".
Nosso garoto sem sorte, tinha aulas de religião com a tal "Irmã", e para variar sofria de défict de atenção. Um belo dia, o mocinho esqueceu o caderno de religião em casa.
"Você esqueceu do caderno mais importante do que se ensina nessa escola, ficará de castigo na diretoria de costas para a parede no canto da sala"...
Lá vai Nandinho, de costas para a parede dentro da diretoria, as freiras e secretárias que passavam faziam "Eita! O que você aprontou mocinho, aprendeu a lição?"
Ao retornar as crianças olhavam para Nando como se ele tivesse sobrevivido de uma sessão de torturas, afinal, levar a criança para ser castigada longe de todas suscitava a imaginação delas.
Ao narrar para sua mãe o evento, Nando descobriu uma palavra que nunca ouvira antes falar: "facultativo". Sua mãe disse "Ela não agiu certo, religião é uma matéria facultativa. Ela poderia lhe repreender, mas não lhe castigar publicamente por isso. Encontre seu caderno para que isso não aconteça de novo."
A Mãe de Nando percebeu que a ação da freira foi errada, mas não chegou a contestar a severidade da reação dela. Nando como toda criança com déficit de atenção, já tinha perdido esse caderno há muito tempo e sabia que não iria encontrá-lo. Pode parecer bobo, mas para uma criança esse é um grande drama. Ele sabia que não tinha o caderno, fingia estar tudo bem, mas temia miseravelmente a próxima aula de religião. A imagem de Jesus na parede, não ajudava... Aqueles olhos bondosos escondiam o fogo do inferno... Nando descobriu ali que era um garoto levado e que o inferno o aguardava... A menos que...
Quarta feira. 9:00, Escola Católica - Aula de Religião.
Irmã Inês entrou na sala de aula com uma pasta e uma régua que mais lembrava um chicote em sua mão. Nando estava preparado, era matar ou morrer. O Céu ou o Inferno e Deus estaria vendo tudo.
Se Deus fosse bom mesmo, não mandaria pro inferno um menino que estava só se defendendo.
A aula narrava o conto de Eva e Adão, de como a Serpente a tentou, e a frágil e ludibriável Eva tentou Adão. Todos tinham que escrever uma interpretação do Texto e Nando pediu um papel emprestado a bela Luísa, sua amiga. Nando escreveu que achava que a estória estava errada. Ele disse:
"Primeiro porque a serpente não mentiu. 'Certamente não morrereis', e eles não morreram e segundo porque Adão poderia ser burro, mas Eva não. Deus não havia sido totalmente legal em ficar testando os dois e que se eu fosse Eva também morderia a maçã. Acabar com a vida dos dois por morder uma fruta era injusto, do mesmo jeito que humilhar um garoto diante de todo mundo por perder um caderno de uma aula facultativa."
Claro que a freira se sentiu completamente desafiada.
"Nando, cade o seu caderno de Religião?" Intimidou a Irmã.
"Eu perdi." Respondeu Nando sinceramente. Ele sabia que seria castigado novamente pelo atrevimento, mas não sabia reagir, senão contra-atacando.
Um ar de cansaço abateu a cara da Irmã Inês que respondeu com o tom de derrota que fez Nando se sentir vitorioso.
"Mande sua mãe comprar outro. Quinta-feira no fim da aula tem capela. Não falte."
Naquele momento, Nando só veio perceber anos a seguir, foi seu primeiro encontro frente a frente com a Serpente.
Toda esse história poderia ser ficção... SQN
Hesha Roberto
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