Essa é a primeira edição do "Fragmentos do Oriente" em que falaremos do suprassumo da cultura de massa japonesa, o ANIME. A cada edição elegeremos um anime para indicação e vocês se divertirem com isso, e, para os que "não gostam" ou desconhecem a linguagem, fica o convite para "colocar a cara no sol" e sair da mesmice.
Você gosta de Anime? Se não, com certeza, mesmo assim, já deve ter ouvido falar, ou assistido algum episódio desse gênero midiático nos canais da TV aberta, como na Globo, SBT ou BAND. Porém, só foi através da TV Manchete aqui no Brasil que os animes se tornaram um sucesso em escala nacional, sobretudo, o primeiro fenômeno devastador de audiência no país que foi os "Cavaleiros do Zodíaco". Assim, o universo dos desenhos animados japoneses comeu uma parcela considerável do mercado publicitário brasileiro, com um enorme potencial. Vide documentário sobre esse fenômeno no Brasil (A força do Pégaso no Brasil)
Pois é. Atualmente os animes na televisão brasileira, até mesmo na plataforma de canais por assinatura, são escassos. Porém, no Japão, o mercado dessa mídia é um grande sustentáculo da economia de Tokyo. Akihabara, por exemplo, é uma das regiões do Japão onde se encontra todo mercado de eletrônicos do país estrangeiro em grande concentração e é conhecida por ter centenas de lojas envolvendo produtos que se referem a animes e games (esses últimos, por sua vez, também envolvem animes), fora que as grandes corporações produtoras de anime, universidades e escolas técnicas de "Mangaká" (desenhistas do estilo Mangá) e animação, encontram-se todas em Tokyo, no distrito de Akihabara. Isso tudo movimentando um poderoso mercado interno e externo ao Japão. É lá, também, que você encontra os originais "Otakus" em grande concentração que se vestem diariamente de "Cosplay" (fantasias com a temática anime) para ir as compras e que adotam um estilo de vida completamente fora do habitual, em detrimento dos animes. (Akihabara em 2 minutos) O mais curioso é que esse mercado atinge todas idades, e, a impressão que fica nas minhas apreciações é que a fatia desse mercado é consumido muito mais pelos adolescentes e adultos do que pelas crianças, pelo seu direcionamento.
Ao contrário do que se pensa os animes, na sua grande maioria, não colocam como prioridade de conteúdo, o argumento da idade. O autor é um artista e tenta colocar na sua obra a sua subjetividade do seu mundo próprio, para ela se transformar em um produto animado. O resultado disso é uma ampla variedade de públicos, diversas identificações e zilhões de narrativas envolvendo diversos tipos de tema, como amor, aventura, esporte, culinária, comédia, jogos, terror, música, História, ciências, etc. O anime não é algo completamente isento de ações humanas verídicas, ou completamente distante da realidade, existem diversas perspectivas de autores e de temáticas. Por trás de cada personagem existem profissionais da dublagem, que utilizam-se de técnicas de Teatro para realizar o seu papel. No Brasil, por exemplo, é necessário licenciatura em Teatro para ser dublador, ou um curso técnico de dublagem que só se encontra no sudeste.
Como já foi dito, o Brasil já experimentou de perto esse enorme potencial de movimentação do mercado publicitário, usando essa mídia. Agora fica para a reflexão. Por que a TV brasileira não utiliza esse enorme potencial para crescer em audiência, atingindo todas as faixas etárias do consumo? O que é pior, o público infantil que é um enorme potencial de audiência está sendo negligenciado pelas emissoras abertas. Outro ponto a se considerar é que o audiovisual (incluindo as produções animadas japonesas) poderia ser trazido para a TV de forma a democratizar mais o acesso a elas e gerar muito mais necessidade de profissionais na área de dublagem, que tem se restringindo grande parte ao mercado de Cinema. Mas esses só são certos incômodos restritos e pessoais do panorama da televisão no Brasil, que consigo extrair, pois nós sabemos que esse cenário só melhoraria, através da regulamentação, democratização e fiscalização dos meios de comunicação, para haver possibilidade de descentralização dos eixos Rio-São Paulo e a criação de diversas formas de conteúdo para todo o Brasil.
Chega de conversa, pois é Hora de BECK!!!
~ BECK ~
Você já pensou em montar uma banda com seus amigos, aventurar-se pela cidade tocando nas ruas e viajar tocando nos bares? Pois é. Essa fantasia sempre existiu na cabeça dos jovens, principalmente, nas grandes cidades onde o cenário musical é efervescente. Beck consegue reunir toda essa emoção interna adolescente, abordando uma atmosfera de conflitos, que giram em torno do final do ensino médio, envolvendo uma decisão muito séria, que se resume no que fazer da vida profissional, essa sendo um desejo ousado, que é a música.
Beck é uma obra de classificação shounen (no Japão é uma espécie de conteúdo feito para meninos adolescentes, que englobam questões voltadas ao universo masculino. Pff! dane-se os esterótipos). O enredo gira em torno do protagonista Koyuki, que vivia o específico drama adolescente de ter uma vida monótona, rotineira e invisível. Tudo muda ao conhecer um roqueiro rebelde, o Ray, um nipo-americando que ensina a ele as influências do rock britânico. Tudo começa a mudar quando há essa união. A série engloba em um todo: a descoberta de uma mágica na voz de Koyuki e o seu talento com a guitarra; uma história de amor envolvendo o seu coração; a decisão de enveredar pelo caminho da música; a globalização do mercado da música japonesa e o internacional. O que é muito particular dessa obra é que o autor faz referências a artistas musicais reais do cenário japonês e internacional, de forma indireta e, também, por meio de "easter eggs" (Detalhes surpresas que fazem referência a uma outra obra do próprio autor, ou outra coisa externa ao anime, ao mesmo tempo que fazem um sentido muito restrito). Por exemplo, dois dos integrantes da banda "Beck", que é o Chiba Tsunemi, foi inspirado no Zack de la Rocha, que é o integrante da banda Rage Against The Machine, e, o Taira Yoshiuki foi inspirado no baixista Flea do Red Hot Chilli Peppers.
A série conta com uma trilha sonora poderosa, só de artistas japoneses de sucesso, que acabou rendendo dois CD's e mais um em tributo à obra. Suas aberturas e encerramentos contam com grupos badaladíssimos do Japão: os "Beat Crusaders" e "Meister".
Essa série japonesa foi inicialmente produzida exclusivamente para o Mangá (Literatura em quadrinhos japonês, que se lê detrás para frente), pelo Mangaká "Harold Sakuichi". Esse autor é bastante conhecido por essa obra, pois foi esse enredo que lhe rendeu fama apesar de ser um artista bastante premiado. Seu traço e estilo envolvem temáticas variadas desde Baseball à literatura antiga. Suas outras criações (para quem quiser se aprofundar mais nas obras do mesmo autor) são: Gorillaman (1985), Bakaichi (1995), Stopper Busujima (1996), BECK (1999), 7-MIN no Shakespeare (2010).
Posterior ao sucesso do anime houve um grande interesse televiso, e o anime foi adaptado e dirigido pelo produtor "Ossamu kobayashi" junto ao autor, com a corporação "Madhouse", sendo assim exibido entre os anos de 2004 e 2005, para atingir a grande massa. A série foi exibida em 6 países estrangeiros, dentre eles os Estados Unidos, o Canadá e a Itália. O anime fez tanto sucesso que rendeu uma produção para o cinema japonês.
Essas e outras informações foram traduzidas para o português do site oficial do anime. BECK Website
VAMOS AO QUE INTERESSA!? Tenha acesso ao anime completo legendado para o português no youtube BECK: Mongolian Chop Squad
Alexandre Beethoven
ConversionConversion EmoticonEmoticon