Nos últimos anos, a
preocupação das pessoas com o avanço da violência no nosso país vem aumentando
progressivamente. Aqui neste texto venho chamar atenção para um tipo de
violência: a violência contra a mulher.
Historicamente, desde a infância,
aprendemos que homens e mulheres têm papéis pré determinados em nossa sociedade
e a mulher predominantemente acaba ficando em segundo plano. Primeiro a mulher
era explorada apenas dentro de casa, trabalhando gratuitamente para o marido e
os filhos, depois, precisou sair de casa para trabalhar, e dessa forma se tornou
dupla ou triplamente explorada, caso tivesse dois empregos. Isso tudo sem
direito a creche, lavanderia pública, restaurantes públicos etc.
Se a sociedade desvaloriza
tanto a mulher, por que qualquer homem teria que valorizar? A inferiorização de
algo pela nossa sociedade abre brechas para o desrespeito, este por sua vez,
para a violência, das menores às maiores, e a violência pode culminar em morte.
A violência em todos os seus aspectos foi e continua sendo uma constante na vida
da mulher, seja ela moral ou psicológica, verbal ou física, sexual...
Mas, com tantos ataques a
mulher não se calou. Toda mulher conhece o machismo que sofre, mas muitas não
tomam consciência disso, e quando essa consciência é tomada, a mulher luta. Foi
assim que surgiu o feminismo. Mas antes de qualquer coisa, o que é machismo? O
que é feminismo? Uma guerra declarada entre os sexos? Entre os gêneros? O
machismo por definição é superioridade do homem em relação a mulher, uma
opressão apropriada pela nossa sociedade para explorar tanto a mulher quanto o
próprio homem. O feminismo, por sua vez, não almeja o contrário do machismo, a
superioridade da mulher sobre o homem, absolutamente não, de forma alguma. O
feminismo almeja a igualdade de direitos entre homens e mulheres no âmbito
socioeconômico. Há segmentos dentro do feminismo que divergem a respeito do
modo como isso pode ser conquistado: com ou sem o homem, nessa ou em outra
sociedade.
Por meio da luta feminista
as mulheres obtiveram algumas conquistas, tiveram a chance de estudar, de
ocupar os mesmos espaços que os homens, de lutar por direitos, de ter vez e voz.
Mas, com poucas exceções, ainda trabalham gratuitamente para suas famílias,
ainda trabalham nos piores empregos, ainda recebem os piores salários, ainda
são desvalorizadas, ainda sofrem violência... Tudo isso por causa do sexo
biológico? De um gênero? E quando essa mulher é negra? E quando essa mulher é
lésbica? E quando essa mulher é bissexual? E quando essa mulher é travesti? E quando
essa mulher é transexual? Basta ser mulher, seja sob que ponto de vista for.
É a partir do machismo, tão
fortemente enraizado dentro de nossa sociedade, que tudo começa. E é por tudo isso que a luta feminista é
válida, os estudos e estatísticas estão aí para comprovar, só não vê quem não
quer... e o pior cego é aquele que não quer ver.
Só para se ter uma noção, tomando como referência o Brasil:
O Brasil é o 7º país que mais mata mulheres no mundo fazendo parte da
epidemia global que é a violência contra a mulher. A cada 02 horas uma mulher
brasileira é morta pela violência machista; a cada 02 minutos 05 mulheres são
espancadas e a cada 10 segundos uma mulher é vítima de estupro. Esses dados
alarmantes somados com o fato de as mulheres amargarem nas piores estatísticas
sociais, como também ocuparem os piores postos de trabalho e serem a maioria entre a
população pobre, fez com o que o Brasil hoje ocupe a 71ª posição no ranking de
igualdade de gênero, segundo o Fórum Econômico Mundial, caindo 09 posições de
2013 para cá.
O que quero dizer com tudo
isso?
Hoje,
dia 25 de Novembro, é o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher.
Essa data ficou conhecida mundialmente em 1960 por
conta de um grande ato de violência cometido contra três irmãs dominicanas:
Pátria, Minerva e Maria Teresa, que lutavam por soluções para problemas sociais
de seu país, e foram perseguidas, presas diversas vezes, até serem brutalmente assassinadas.
A partir daí, 25 de novembro passa a ser uma data de grande importância.
Em 1981,
organizações de mulheres de todo o mundo se reuniram em Bogotá, na Colômbia, e
esta data passou a ser conhecida como o “Dia Latino Americano da Não Violência
Contra a Mulher”. Em 1999, a Assembléia Geral da ONU proclama essa data como o
”Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra a Mulher”, a fim de
estimular governos e sociedade civil organizada, nacionais e internacionais.
A
violência contra a mulher é considerada um dos maiores desafios na área dos
direitos humanos, é um problema mundial que não
distingue origem, idade, cor, religião ou classe social. Essa Campanha tem como
objetivos revelar a dimensão do feminicídio, denunciar o aumento do número de
casos de mortes de mulheres por razões de gênero, estimular a informação sobre
o feminicídio e atuar contra a impunidade.
A violência contra as mulheres
é uma questão social e de saúde pública. Apesar de tudo isso, de tantas lutas, nossos governantes
fecham os olhos e pouco investem em políticas públicas para as mulheres, vez por outra, diminuem investimentos, diminuindo a importância da luta contra a opressão
machista na nossa sociedade. Nem mesmo uma presidente mulher foi suficiente
para mudar o quadro de figura. Por isso essa luta não pode parar e precisa
aumentar e se fortalecer, pois cada conquista alcançada é uma grande vitória
para as mulheres!
Um coletivo feminista de Natal, realizará o ato “Fazer do Seu
Luto e do Meu Luto Nossa Luta” às 13h (logo mais) em frente ao Centro Reprodutivo de Natal Alecrim, aproveito para convidar, sintam-se todas e todos
intimados. Eu também estarei lá!
Fontes: