O chororo e as
roupas pretas atraíram as famílias decentes para prestar suas ultimas
homenagens, também atraiu a população menos decente, pinguços e mendigos que não
vieram pelo morte, mas sim pelo fato de que onde tem velório tem comida e cachaça.
O velório já estava
indo madrugada adentro, quando Raimundo Rodriges Jr, filho mais velho do
falecido Raimundo Rodriges (o morto nesse caso), pegou uma briga feia com um
bebo, mas também, o bebo foi inventar de vomita dentro do caixão do difunto.
- Seu felá duma
puta, vá vomitar na mãe! – gritou Raimundo enquanto enchia a cara do bebo de porrada.
Só depois de uns
três tapas foi que os amigos também bebo do bebo deram conta da situação e partiram
para cima de Raimundo Rodrigues Jr, a distancia era de uns três metros, mas
como para bebo um metro é uma longa viagem, quando chegaram perto, os tios,
primos, irmãos e filhos também tinham chegado para socorrer o morto.
Ficou aquela coisa,
parecendo filmes de Roliude, os parentes do defunto de um lado e do outro, os
pinguços inchando as caixas dos peito querendo parecer maior e mais forte,
sendo que só conseguiam parecer mais bêbados e mais gordos. O silencio era
tanto, que dava até para escutar o soluço de um bebo, a respiração ofegante de
cada um e até o som do bater de asa de um maribondo.
- Dona Ana
desmaiou! – gritou uma menina lá atrás.
Foi como se
tivesse jogado areia em briga de cachorro, o cacete foi pensado, passou mais de
hora e meia e a briga ainda se desenrolava. O sol já estava aparecendo quando
um bebo lá atrás gritou:
-
Ramo-interra-o-morto!!
Ate esse momento o
padre só estava olhando e achando graça da desgraça alheia, mas se essa
arrumação chega-se ao bispo lá em Natal, era capaz do padre ser suspenso, então
o padre teve que pelo menos tenta intervir.
- Isso é pecado,
isso é pecado! – gritou o padre tentando impedir os bebos.
Os bebos não
tiveram dificuldade em roubar o caixão e leva-lo para a rua, também, a proporção
era de cinco bêbados para cada membro da família do morto. De longe o povo todo
de Ogaroba chorava de tanto rir com as presepadas dos bêbados, que pulavam e
cantavam enquanto conduzia o morto por toda a cidade antes de leva-lo para o
cemitério. Os homens da família do difunto vinha atrás baixando o cacete nos
bêbados que ficavam no caminho.
Essa cachorrada só
teve fim lá para as bandas do cemitério, quando os pinguços já estavam cavando
o buraco. O Doutor Delegado Gabriel Barboza ou, Capitão Barboza, que era o seu
nome de batismo, tinha chegado lá para bota moral nessa multidão encachaça.
- Bora acabando
com a festa, que agora aqui em Ogaroba tem-se lei.
- Ele vai prender a
nós todos! – gritou um bebo lá atrás.
Demorou uns cinco
segundos para que os pinguços conseguissem decodificar as informações emitidas,
mas quando essa informação chegou, vije Maria!, os bebos saíram loucos
desembestados pela única saída do cemitério e ganhando mundo para nunca mais
serem vistos novamente.
Quando o delegado
deu fé, o morto la estava, mas cadê o caixão e as roupas dele?
No final de tudo
isso ainda tem quem diga que foi uma pessoa que pagou outro alguém para trazer
boêmios de outras cidadezinhas.
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