randon

O Piano

Estava em um pequeno devaneio essa semana, lembrei de um piano de brinquedo que tinha quando criança, feito de madeira, um tom meio amarelado claro, sem entalho, quase branco, com uns detalhes desenhados em marrom, me lembro vagamente do som que ele fazia, só sei que era bonito, não sabia tocar nada, só ficava tocando a escala cromática, deslizava os dedos sobre todas as teclas, ou então tentava formar alguns sons malucos, eu era uma versão infantil do Richard Wright que não sabia o que estava fazendo, quanta ousadia.

Agora eu me vejo com uma saudade forte desse pianinho, ele devia ser muito divertido, mas eu nem sei o que aconteceu com ele, será que eu quebrei e simplesmente joguei fora? será que não soube cuidar dele? será que brinquei com ele de forma errada? mas existe forma certa de brincar? e mais uma vez a gente só percebe que uma coisa é importante quando ela vai embora, e sinto tanta falta, nem se quer sou tão fã de pianos, mas aquele piano....eu nem tenho uma imagem nítida dele na minha cabeça, mas eu sei que ele era incrível, o melhor piano de todos com certeza.

Acho que nunca mais vou ver esse piano, se eu o tivesse de volta me esforçaria pra tocar algo de bom nele, queria ouvir seu som mais uma vez, tocaria cada tecla com mais cuidado, com mais vontade, com mais amor, com mais prazer de se tocar, de se ver, de se ouvir, de se sentir e de se deixar ser tocado, agora o pianinho é só uma lembrança, algo que quando penso dá um pequeno aperto no coração, um sentimento de nostalgia, de barriga vazia, de vontade, de agonia, mas no fim me leva a um sorriso pensar nesse velho amigo.


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