Céu claro, azul profundo. O vento fresco vindo do leste perpassa entre duas garotinhas lindas. Uma tem cabelos ondulados de uma cor tão reluzente que apenas o ouro seria capaz de se igualar. Ela é branquinha, magrinha de olhos castanhos claros fortes e vividos. Tem no máximo 12 anos. Anda de mãos dadas com uma garotinha ruiva, magricela e baixinha, de aparência frágil, ingênua, esta olha os campos de rosas como quem olha para o paraíso já alcançado, a felicidade é o único sentimento que ela vive. Suas mãos são quentes e transpassam um amor sem perceber, que imagina sem pensar e que deseja sem saber.
Elas
cantarolam cirandas que apenas as almas apaixonadas conseguem compor, dançam de
mãos dadas no campo de rosas ao ritmo da música. A alegria toma conta de ambas
as almas e seus corações se aceleram igual. É quando se encontra o ser amado,
mas a ingênua pensa que seu coração bate pela dança.
Talvez
pelo cansaço ou pela malícia, Anita cai no chão, seus longos cabelos dourados
se espalham pelo rosado ao redor e suas pernas caem abertas. Orfelia sua amiga,
única amiga de verdade, cai logo em seguida, animada, alegre e com um sorriso
no rosto, ela quer brincar mais, seus grandes e profundos olhos verdes fintam o
rosto de Anita e ela sabe o que Orfelia quer.
Brincar!
Suas mãos
estão entrelaçadas, Orfelia que sempre foi mais ágil cai por cima de Anita, seu
sorriso quase vermelho em seu rosto angelical convida a amiga para mais
brincadeiras, mas Anita está um pouco cansada, o coração bate muito forte,
talvez pelo que sinta por sua amiga ou pela corrida que apostaram quase ainda
agora e pela ciranda dançada.
- Vem,
vamos brincar mais! – falara Orfelia alegremente e sorridentemente.
Ela é
quase hiperativa quando não está estudando e aprendendo as coisas divinas. Seu
tempo de brincar é curto, pois ela estuda muito, e é por isso que seu tempo de
brincar é muito agitado e corrido, como se temesse perder algum segundo.
Anita olha
para a única nuvem no céu azul profundo e suspira, também profundamente.
Orfelia caça o que sua amiga procurou no céu, mas não encontra nada que não
seja o azul e a nuvem solitária. Sua amiga estica os braços, jogando cada um
para um lado, respirando fundo estufando o busto, Orfelia não solta as mãos de
sua amiga e seus rostos chegam mais perto um do outro, Orfelia olha de volta
para Anita e pela primeira vez, percebe algo que nunca notara em seu rosto.
Seus olhos
se cruzam como nunca antes haviam se cruzado. Este momento é o instante mágico,
que nunca se repete, onde duas almas se encontram pela primeira vez. Os olhos
verdes de Orfelia são como ímãs que atraem Anita para mais perto. Sua cabeça se
levanta e seus lábios se encostam. Seus olhos fecham para só sentir a outra em
seus lábios, um doce e suave beijo, igual a brisa do mar. Ali naquele momento,
o mundo e seu tempo pararam. Ali naquele campo de rosas, onde o sol nunca bate
forte e o vendo sempre é agradável. Duas almas se encontram verdadeiramente
pela primeira vez por amor.

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