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Conversa

- A partir deste exato momento, peço para que não pronuncie mais meu nome, nem muito menos o nome de mais alguém, temos que deixar esse assunto em total segredo e eu não confio nos ouvidos das paredes.
- O que pretende me mostrar? Um segredo?
- De tal modo este segredo é! E deve ficar como está. Se descoberto, ele poderia começar uma guerra entre nossas tradições, no entanto ainda assim é um presente, e desde que não fale meu nome nem o de ninguém, estaremos a salvo de tudo. Tem mais uma detalhe antes que eu abra a porta, tudo já está preparado. Entre e veja agora com seus próprios olhos.
- Por Cain e por todos os santos! Como conseguiu fazer isso com ela?
- Eu gostaria também de saber... acontece que eu tenho amigos que também não gostavam dela, então digamos que uma noite eu falei para eles que essa cria de serpente estava querendo me causar problemas, como meus amigos são muito meus amigos e como parece que a divina providencia gosta de mim, uma bela noite, bem oportuna, por sinal, ela, um pouco melhor do que como está agora, foi enviado a mim, devo dizer que me senti feliz, eu iria ate mata-la, mas lembrei de você e como destruir o corpo físico dela para você vale muito mais do que para mim, aliais, eu apenas quero a morte dela, quem a mata, já não é comigo e é ai onde a senhora entra. Lhe dou esse presente, o direito de eliminar o corpo físico dela, mas não se alimente dela nem de sua alma, isso já pertence a um outro amigo meu, cujo qual não gostaria de distratar. Eu também não suportaria saber que ela vive dentro de você.
- Ela pode nos escutar?
- Não, mas pode nos sentir e irar sofrer antes de morrer, isso eu lhe garanto.

Enquanto Marion começava a degolar sua rival, Gideon olhou para o canto da parede e só depois sentiu o imprevisto acontecendo. Marcos entra pela porta já com sua arma em punhos, mas não dispara. Gideon mostrava para ele o que tinha por de baixo de seu paletó.

- O que em nome de Deus está acontecendo? Vai explodir todos aqui!
- Sou tão rápido quanto os antigos cavaleiros de minha tradição, tente algo contra minha amiga, que não só essas granadas em meu paletó irão explodir, mas como eu irei me certificar de está bem ao teu lado quando tudo isso acontecer. Você sabe que eu sou rápido, quer conhecer o que vem além da não-morte? Agora venha mais para perto e baixe sua arma, ninguém quer morrer aqui, prometo que nem um mal irei lhe fazer.
- Você é completamente louco!
- Eu estou vivo a duzentos e quarenta anos, e vivi cada segundo. Você acha mesmo que a loucura é o que me preocupa?
- O que vai ser de minha senhora, então?

Marion termina a degola, pega a cabeça de sua rival e joga no canto da sala como se fosse uma pilha de lixo. O corpo sem cabeça começa a secar e ficar igual a das velhas múmias egípcias.

- Vocês não se safarão desta com suas vidas! Guardem minhas palavra!
- Ela deveria virar pó! Porque isso não acontece?
- O coração dela nunca esteve em seu corpo, seus tolos, ele sempre esteve em um local seguro, vai ser uma questão de tempo para nos fazermos ela voltar.
- Você se refere a aquele buraco imundo, mau iluminado e fedorento que mais parece um calabouço e que está em baixo da segunda escadaria de Mãe Luiza, como sendo um local seguro? Lugar menos secreto nunca existiu. Digamos que não foi apenas uma chuva que fez aquilo com seu esconderijo.
- ORA SEU...
- Preferia que você estivesse ficado calmo.
- O que aconteceu, porque ele caiu? O que usou nele?
- Apenas esta navalha de damasco. Eu falei que sou tão rápido quanto os antigos, simplesmente eu fatiei a coluna dele inteira e depois vesti a camisa dele de novo. Este servo da serpente não é mais perigo, deixe que eu cuido dele.
- Agradeço por esse presente, mas agora me preocupo em saber como iremos explicar essas duas mortes ao xerife e a quem eles servem.
- O sabá esteve aqui, nos lutamos contra eles, mas como apenas o que agora é cinzas é um guerreiro, eu fui empalado e a serpente foi decapitada, no final você conseguiu usar seus poderes no ultimo que sobrar. Eram apenas dois e eles dois estão em torpor e amarrados no outro quarto.

 A casa realmente está no aspecto de quem recebeu uma enorme briga.

- Entendo que você pensou nisto tudo, mas como vou explicar Eu e ela aqui, se todos sabem que eu a odeio com todas as minhas forças.

- Pelo seu sorriso, já sei que sabes a resposta. Invente algo bem picante que só dois de nossa tradição podem proporcionar, depois meta a história que falei agora a pouco... agora com sua licença, eu irei me empalar.
- Você realmente confiar em mim? Pois algo me fala para não confiar em você e diz que você não confia em mim.
- Neste exato momento não tem escolha e eu também não tenho, temos que confiar um no outro. Aliais eu me coloquei em suas mãos, tanto quanto você agora está dependendo de mim, eu ate diria que estamos de mãos dadas neste exato momento.
- Só mentirei perante o xerife, se me dizer porque está fazendo isso por mim e o que vai querer em troca desta vingança que me ajudaste a cumprir.
- Eu fiz isso pois gosto de você e o que eu quero em troca é que você não conte a ninguém a verdade, que faça todos pensarem que eu sou o tolo que todos pensam... eu fiz isso mais por mim também, ela sabia de alguns segredos meus e tentou me chantagear. Agora entra a parte do que eu quero de você, já que tanto quer saber. Uma vez por outra, no mínimo uma vez a cada ano, apareça na minha casa para tomar um chá, você sabe muito bem que eu gosto de apreciar mulheres bonitas e o mais importante de tudo, eu lhe dei um grande presente, um dia você me dará um outro na mesma altura e proporção, mas este dia está longe.
- Então você é tão filha da puta quanto os outros, quer fazer pacto de sangue comigo e depois me usar? Você é tão ou mais manipulador que todos que conheço, a diferença é você não disfarça quando manipula.
- Esse é o mundo que vivemos e morremos, eu apenas garanto minha sobrevivência... não tente jogar sua presença em mim, não vai funcionar, lhe mataria antes mesmo de começar com esse jogo estupido... agora como você prefere? Com ou sem carinho?
- Maldito seja!
- Maldito somos!

Mariom beija-o e bebe o sangue de sua boca, assim concretizado sua total lealdade para com Gideom. Por sua vez Gideon, beija-lhe o pescoço, apalpando o dorso e tocando em sua face, depois desce para o seio esquerdo e é lá mesmo que ele bebe do sangue de Mariom.
Neste momento ela já não entende mais nada e se entrega a paixão daquele momento. Porque ele fez tudo aquilo para no final beber o meu sangue? Todos esses anos que achei conhece-lo, nunca  o viu deste jeito, ele era apenas um tolo que vivia sua não-vida entre os mortais em uma vida boemia, ignorando totalmente todos os assuntos de nosso povo. E agora ele se mostrara um perigoso jogador...
 Mariom nunca chegou a saber quais as razões dele, em todos os anos frequentando a casa dele, ela nunca o perguntou suas razões e temeu investigar suas pretensões. Ela o ajudara a fincar uma barra de ferro frio em seu coração e ao fazer isso ela percebeu um de seus segredos que não contaria ninguém, o coração dele não estava ali, estava em um outro lugar, ele não iria realmente ficar empalado por aquela barra, estaria acordado o tempo todo, sentindo dor, mas por maior que fosse a dor e suas expressão de agonia, ele não gritou.
O xerife veio e teve que acreditar naquela história estranha. Afinal de contas, Mariom prometera que irai sugar a energia vital de sua rival. E Gideon estava ali indefeso, pela primeira e única vez na não vida do xerife ele presenciou isso.
Depois de tudo, ninguém chegou a notar que tudo estava sendo visto por um outro integrante desta peça, ele estava ali o tempo todo, apenas observando todas as ações e escutando todas as falas. Ele saiu no final pela porta e entrou no carro de Gideon.


Depois disto, o sol nasceu.
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